quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Dia 51 - Vitor ou Victor?

Hoje foi dia de aula com a diretora, a Victoria, minha quase xará. Aliás, não sei porque os gringos me perguntam se meu nome é Vitor ou Victor. Eles sempre me chamam de Victor (um som parecido com Viktchôr). Tudo bem, até porquê aqui quase todos os nomes mudam e exemplos não faltam.

O da Dani não muda muito, mas o som do D sai como se tivesse acompanhado por um "s" talvez. Algo parecido com Dsãni. O Leonardo, da minha classe virou Liôu, o coreano Daniel é chamado de Deniél e o Mateus aqui vira Matius.

Os gringos também tem dificuldade com a consoante seguida de R. Assim, a Adriana virou Eiduriana e o Bruno, meu flatmate, é Buruno. O melhores exemplos, porém, são Alyne e Edilane, que aqui são conhecidas com Aláine e Édlan. Vai entender, as mães preocupadas em escolher o nome e basta o filho sair do país para alguém mudar sem nem pedir autorização. Mas convenhamos que algumas vezes o nome fica até mais bonito, né Edilane?

Victoria, a diretora
Voltando pra aula, dá pra ver que a Victoria sabe das coisas. A aula é muito boa, bem didática, mas, por vezes, ela fala muito rápido. Ainda prefiro a Sunita. Outra coisa, quem sou eu para julgar alguém, mas não imaginava que a diretora viria dar aula com a barriga de fora. Coisas da Austrália.

Falando em coisas da Austrália, que tal um churrasco grátis? Hoje depois da aula fomos até Shelly Beach, onde uma escola de surf organizou um churrasco free e chamou os alunos de todas as escolas aqui de Manly. O objetivo é fazer novos contatos para atrair novos alunos. Tudo bem que o churrasco foi de salsicha no pão de forma, um pouco de difícil para comer, mas valeu pela companhia e pelo vista do local. Vocês precisam conhecer Shelly Beach.

Durante o churrasco, incluímos o Deniel no futebol. Na verdade, foi só uma altinha ou lelê. Ele foi um desastre. Impressionante como o brasileiro é diferente em alguns aspectos. Claro que tem brasileiro ruim de bola, mas o coreano ruim de bola é muito pior. Parece que o cara nunca viu uma bola e o fato dela ser redonda atrapalha e muito.

E isso não é só para coreanos. Outro dia na festa brasileira, a Dani tentou ensinar as suíças a dançar. Mexe esse quadril, menina. A impressão que dá é que existe uma ligação do pescoço até o pé. Ou seja, zero requebrado. E na hora do forró? A falta de coordenação delas é uma coisa inexplicável.

Que fique bem claro que isso não é uma crítica aos gringos. Existem várias coisas que eles devem fazer e que nós brasileiros nem imaginamos como. Mas uma coisa é certa: eles (a maioria) gostam da gente, querem aprender, são atenciosos e bons "alunos". O prazer é todo meu.

Beijos, Brasil, Austrália, França, Estados Unidos, Irlanda, Alemanha, Espanha, Portugal, Coreia do Sul e Reino Unido. Ou seja, todos os países que pelo menos uma pessoa já acessou o blog. Fui.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Dia 50 - Um alô em inglês

Muita dor nas costas. Não sei se é do colchão, se é mau jeito ou do trabalho. Talvez seja velhice no auge dos meus 28 anos. Mas uma coisa é certa. Nos primeiros meses de Austrália você descobre dores em lugares que você nem sabia que existia.

Estamos andando bastante e para a nossa felicidade temos uma bela de uma ladeira para encarar no caminho de volta da escola. Dói costa, dói joelho, dói canela, dói tudo. Lembrei que comprei um relaxante muscular para dormir no avião. Ufa, deve dar uma aliviada na dor.

Logo chegando na escola meu telefone tocou. Putz e agora? Número desconhecido. Já sei até quem é. É a mulher da empresa de cleaner que eu me cadastrei e que ontem me mandou uma mensagem dizendo que queria falar comigo. Seja o que Deus quiser.

Dê, já te considero pacas
A - Hello!
B - Hi Vitor, my name is Denise, of Absolut Domestics. Do you have two minutos to speak with me?
A - Yes, sure.
B - Good. Do you have a car?
A - No.
B - Whats your availability?
A - Currently, I work on weekends 5pm and I study in the mornings.
B- Whats time of your class?
A - Starts 8 am and finishs 2:30 pm.
B - Unfortunately, I need someone free in the mornings. Thank you anyway. I'll call you at another time. 
A - No worries. Thank, see you.
B - Bye Vitor.

Mesmo não conseguindo o emprego, eu consegui entender tudo que a Denise (já tô íntimo) me disse. Mal sabe ela que fiquei felizão só de conseguir entender o que ela falou. Valeu Dê, já te considero pakas.

A aula de hoje mais uma vez foi com a Sunita, mas infelizmente ela não será minha professora por muito tempo. Ela vai sair de férias e nos próximos dias a diretora, Victoria, é quem dará a aula. Vamos aguardar. Nesse troca-troca, a Dani vai ter um novo professor amanhã. Uma chance para adivinhar: começa com M e termina com att. O próprio.

Cheguei da escola e fui tentar começar a ler o livro. Na introdução... eu capotei. Na escola já tava pescando e só depois que acordei que fui lembrar do remédio que no avião não me ajudou em nada, mas hoje me de um sono de lascar.

A Dani, firme e forte no projeto verão, foi correr e hoje fez 10 km pela primeira vez aqui. Congratulations. Enquanto isso, eu já tinha acordado para fazer o cleaner na Anglicare. Antes conheci a Bunnings, uma loja de departamento com tudo de material para construção, tipo uma C&C da vida. Gigante, mas nada muito diferente do Brasil. Lá compramos um vacuum novo.

Beijos, família.

#Tete83

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Dia 49 - Leitura

Hoje começamos um novo ciclo no curso de inglês. A cada quatro semanas, sempre após os testes, os professores começam a abordar novos assuntos. Vez ou outra a mudança é um pouco mais radical e os professores também são substituídos. O Matt, por exemplo, saiu da nossa classe e foi para o período noturno e minha turma agora fica sob a batuta da Sunita.

Eu estava meio reticente quanto a mudança dos professores, até porque eu gostava do Matt e aprendi bastante com ele. Mas tenho que admitir que a Sunita é mil vezes mais preparada para dar aula. Mas pô, ela está há 15 anos na sala de aula, sendo há 11 só na Navitas.

Para vocês terem noção, ela sabe quais são as dificuldades dos brasileiros, dos coreanos, dos italianos. Imagina quantos gringos já passaram pela sala de aula dela. O Matt, poxa, tá só começando e fomos a primeira turma dele. Na minha cabeça só penso uma coisa: se ele tá ali é porque alguém acreditou nele e nada pior do que você procurar um emprego e alguém falar que você não experiência. Todo mundo começou um dia e certamente o Matt vai lembrar do Vitor, do Léo, do Daniel, Talita, Karina, Didi e etc...

Nossas leituras aqui...
A Dani também tem uma nova professora, a Krista. Ela é dos Estados Unidos e tem um inglês bem mais fácil para se entender do que o dos australianos, que costumam falar bem rápido e com gírias. A Sunita também não é australiana, é natural de Londres se eu não me engano, mas já está aqui faz bastante tempo.

Como consegui entender tudinho que a professora disse na aula, resolvi me arriscar ainda mais. Saindo da aula, passamos na biblioteca e aluguei um livro, The Old Man and the Sea, de Ernest Hemingway. A sugestão de título eu encontrei em um site que diz que esta é uma das maiores narrativas da literatura e interessante para quem quer aprender inglês. Vou tentar ler e depois conto aqui.

Detalhe: a biblioteca (Library, em inglês) é pública e fica bem pertinho da escola. Para estudantes, o aluguel do livro ou filme é free. Basta fazer um cadastro, escolher o título e retirar com a atendente. Super simples.

A Dani também vai ler e pegou emprestado com a Alyne um livro (Malala) que conta a história de uma menina paquistanesa que lutou pelos seus direitos em região controlada pelo Talibã.

Bom, vou lá pra cozinha porque a Dani tá trabalhando e eu ainda preciso fazer o nosso almoço de amanhã.

domingo, 11 de setembro de 2016

Dia 48 - Bateu saudade

Domingão. Hoje mais uma vez não trabalhei no Manly Pizza Wine. Como não é todo domingo que é busy, não são todos que eu trabalho. Só de manhã que fui rapidinho com o Brunão fazer o cleanner na Anglicare e na empresa vizinha e o fio do aspirador de pó deu um curto lá que começou a pegar fogo.

Putz, o dia já começou mal. Ainda bem que tinha um outro lá e conseguimos finalizar o trabalho. Mas falando do cleaner, uma coisa é curiosa. Lá são várias ilhas de escritórios que me lembram a agência de comunicação que eu trabalhava no Brasil, a S2Publicom, em São Paulo.

Bateu saudade
Já estou fazendo esse job um mês e pouquinho e agora fico imaginando quem são as pessoas que trabalham ali. Já sei quem são os mais porcos, os que são preocupados com a limpeza e já descobri até o nome de alguns. Vez ou outra tem um e-mail impresso na mesa e consigo ver o nome do remetente. Tem até um Victor, meu xará.

Sobre o meu inglês, ontem consegui conversar com o meu chefe no restaurante. Todo mundo tinha ido embora e sem ninguém para traduzir tivemos que nos virar. Ele me disse que a partir de outubro, eu passarei a trabalhar quase todos os dias. É o verão chegando e os turistas também.

Enquanto eu fiquei em casa, fiz o almoço de hoje e o de amanhã também e a Dani foi trabalhar. Sozinho em casa, estudei um pouco de inglês, mas a maior parte do tempo fiquei revendo fotos do Brasil. Bateu saudade, viu? Aqui é muito bom, muito legal, mas cadê nossos amigos? Cadê o Léo e sua campanha política? Philipe tá até de namorada nova? Where is Renato e seus jantares com sal rosa do himalaia? E o Biel e as fofocas da Cidade? Betinho estaria pensando no casamento? Alan segue trabalhando 28 horas por dia? E as piadas do Matheus? Tudo bem que temos os melhores flatmates, mas e a família? Essa é uma só.

Chorei um pouquinho de saudade do papai, mas a tristeza já vai passar. Amanhã é um novo dia, dia de aula com uma nova professora.

Quem disse que ia ser fácil? A Dani chegou, ufa, dá aqui um abraço.

sábado, 10 de setembro de 2016

Dia 47 - O dia que dirigi

Fiquei tão empolgado de falar das minhas notas na quinta-feira que acabei esquecendo de contar que dirigi o carro do Brunão quando voltávamos do cleaner na Anglicare.

Pra quem não sabe, o trânsito aqui é todo ao contrário. Em outro post lembro que falei do cachorro motorista. Às vezes ainda me assusto quando olho para um carro e vejo o banco, que seria o do motorista do Brasil, sem ninguém, com uma criança ou então com uma pessoa olhando pro nada.

Mas não é só o volante que é do lado contrário. Se no Brasil, o normal é você andar sempre pela direita, aqui o normal é trafegar pelo lado esquerdo. Então é muito comum você olhar para o lado errado na hora de atravessar. A Dani corre sério risco de vida ao caminhar sozinha. Brincadeira, agora ela já está aprendendo a olhar pro lado certo.

Outra dificuldade que tive foi com o câmbio do carro. No Brasil, dirigia apenas no manual e aqui a grande maioria dos carros são automáticos, como o carro do Bruno. Tudo bem, amarrei a perna esquerda e consegui dirigir numa boa. Mas os controles de setas e para-brisas, também do lado contrário, me pegaram. Tudo bem, o vidro tava sujo.

Além disso, aqui o povo é muito cordial e sempre dá passagem para os pedestres. Então, muita atenção. Se a pessoa está querendo atravessar, pare. Outra coisa: a preferência no trânsito é sempre de quem vem da direita.

O maior problema, porém, é estar do lado contrário. Você perde um pouco de noção de espaço e tende a ficar mais para o lado esquerdo da pista. O Brunão foi me guiando: "Tá muito perto aqui, mais pra lá".

Bom, agora só falta um carro e para isso precisamos de dinheiro. E para ter dinheiro, precisamos trabalhar. Partiu lavar louça no Manly Pizza Wine. A Dani também já foi pra labuta, enquanto eu fiquei a tarde atualizando o blog pra vocês.

Beijos.